25 Mai, 2023

Burnout nas Empresas Brasileiras: Um Desafio para a Saúde e Produtividade dos Trabalhadores

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Burnout nas Empresas Brasileiras: Um Desafio para a Saúde e Produtividade dos Trabalhadores

Introdução:

O esgotamento, do inglês burnout, é um fenômeno cada vez mais comum nas empresas brasileiras, trazendo consigo consequências negativas tanto para os colaboradores quanto para as organizações. Neste artigo, iremos explorar o conceito de burnout, apresentar dados alarmantes sobre sua prevalência nas empresas brasileiras e discutir estratégias para a prevenção e gestão desta síndrome que, a partir de janeiro de 2022, foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um problema de saúde ocupacional.

Burnout como um problema de saúde ocupacional:

Desde 1º de janeiro de 2022 entrou em vigor a CID 11, a nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que oficializa a Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, como um problema de saúde ocupacional. Dessa forma, inclusive no Brasil, os funcionários diagnosticados com burnout passam a ter as mesmas garantias trabalhistas e previdenciárias já previstas para as demais doenças do trabalho.

É importante salientar que a OMS define como doença ocupacional os problemas de saúde contraídos pelo trabalhador após ficar exposto a fatores de risco decorrentes da sua atividade laboral que afetam sua saúde física e mental, caso clássico da síndrome de burnout. Em decorrência, seja de forma direta ou indireta, as empresas passam a ter responsabilidade sobre a saúde integral dos funcionários. O reconhecimento do burnout no âmbito ocupacional pela OMS terá um efeito em processos trabalhistas relacionados ao tema. No caso de um funcionário recorrer à Justiça por causa de esgotamento, o empregador pode ser responsabilizado e até vim a pagar indenização. Na Justiça, a responsabilização da empresa será avaliada a partir do laudo médico comprovando o burnout, junto com o histórico do profissional, e uma avaliação do ambiente de trabalho, inclusive coletando relatos de testemunhas.

Diante de tal cenário e considerando os efeitos do burnout para os indivíduos e para as empresas brasileiras, faz-se necessário uma maior compreensão deste problema pois,  segundo dados de uma pesquisa divulgada pela International Stress Management Association (ISMA), 72% das pessoas do país ativas no mercado de trabalho sofrem com alguma sequela de estresse e 32% delas têm sintomas de burnout.

Conceito de Burnout:

O burnout é uma síndrome caracterizada pelo esgotamento físico, emocional e mental, decorrente de longos períodos de estresse crônico no ambiente de trabalho. Em geral, a síndrome de burnout é uma resposta individual ao estresse crônico no trabalho que se desenvolve progressivamente e pode eventualmente se tornar crônica, causando alterações na saúde. É uma síndrome que se manifesta através de sentimentos de exaustão, distanciamento mental, incapacidade cognitiva e incapacidade emocional, fatores que podem levar a sintomas psicológicos, ou seja, de ordem mental, e psicossomáticos, que são sintomas de ordem física, porém causados por intenso sofrimento emocional.

Consequências do Burnout:

Como citado, o burnout possui consequências significativas para os indivíduos e para as empresas. No âmbito pessoal, os sintomas incluem fadiga constante, irritabilidade, dificuldade de concentração, insônia, baixa autoestima e problemas de saúde física, como dores de cabeça e palpitações, e mental, como ansiedade e depressão. Já no contexto organizacional, o burnout está associado ao aumento do absenteísmo, queda da produtividade, aumento da rotatividade de funcionários e deterioração do clima organizacional, dentre outros.

Prevenção e Gestão do Burnout:

A prevenção e gestão do burnout nas empresas são essenciais para garantir a saúde e o bem-estar dos funcionários, bem como a produtividade e o sucesso organizacional. De acordo com estudos na área, algumas estratégias eficazes incluem:

Promoção de uma cultura de apoio e respeito: é fundamental criar um ambiente de trabalho que valorize o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, promova relações saudáveis entre colegas e estimule o diálogo aberto sobre as questões relacionadas ao bem-estar dos funcionários.

Estabelecimento de limites claros: é importante que os gestores e líderes organizacionais promovam a definição de metas e prazos realistas, evitando sobrecarregar os funcionários com uma carga excessiva de trabalho.

Incentivo à prática de autocuidado: as empresas devem incentivar a adoção de hábitos saudáveis, como a prática de atividade física regular, momentos de pausa e descanso, alimentação equilibrada e busca de suporte emocional sempre que necessário.

Capacitação e Treinamento: oferecer treinamentos e capacitações para os funcionários, focados no desenvolvimento de habilidades de gerenciamento de estresse, inteligência emocional e resiliência, pode ser uma estratégia eficaz para ajudá-los a lidar com os desafios do ambiente de trabalho e prevenir o burnout.

Flexibilidade no Trabalho: proporcionar maior flexibilidade nos horários de trabalho, permitindo horários alternativos, trabalho remoto ou dias de folga quando necessário, pode ajudar os funcionários a equilibrar melhor suas responsabilidades profissionais e pessoais, reduzindo assim o risco de exaustão.

Monitoramento e Intervenção Precoce: estabelecer um sistema de monitoramento regular para identificar sinais precoces de burnout e oferecer intervenções adequadas, como programas de suporte psicológico, mentoria ou aconselhamento, pode ser fundamental para evitar que o problema se agrave.

Criação de Políticas e Práticas Organizacionais Saudáveis: As empresas devem adotar políticas que incentivem uma cultura de equilíbrio, respeito e reconhecimento, promovendo a qualidade de vida no trabalho e valorizando o bem-estar dos funcionários como parte fundamental do sucesso organizacional.

Conclusão:

O burnout nas empresas brasileiras representa um desafio significativo para a saúde e a produtividade dos trabalhadores. Estratégias eficazes de prevenção e gestão são necessárias para criar um ambiente de trabalho saudável e equilibrado.

Ao promover uma cultura organizacional que valoriza o bem-estar dos colaboradores, estabelecendo metas realistas, oferecendo flexibilidade no trabalho e investindo em treinamentos, inclusive comportamentais, as empresas podem reduzir os riscos de burnout. Além disso, é fundamental implementar sistemas de monitoramento e intervenção precoce, oferecendo suporte psicológico e programas de aconselhamento sempre que necessário.

As empresas que priorizam a prevenção e gestão do burnout não apenas cuidam da saúde de seus funcionários, como também promovem um ambiente mais produtivo e salutar, resultando em benefícios tanto para os indivíduos quanto para a organização como um todo. Além disso, considerando que o burnout é hoje reconhecida como um problema de saúde ocupacional pela OMS, passa a ser responsabilidade das empresas a gestão e monitoramento desta síndrome no ambiente de trabalho.

Referências:

Bianchi, R., Schonfeld, I. S., & Laurent, E. (2020). Is burnout a depressive disorder? A re-examination with special focus on atypical depression. International Journal of Stress Management, 27(4), 303-318.

International Stress Management Association (ISMA-BR). (2021). Pesquisa Nacional de Estresse e Qualidade de Vida no Trabalho 2021.

Robert Half. (2021). Guia Salarial 2021: Principais tendências de mercado e benefícios.

Sinval, J., Vazquez, A. C. S., Hutz, C. S., Schaufeli, W. B., & Silva, S. (2022). Burnout Assessment Tool (BAT): Validity Evidence from Brazil and Portugal. International Journal of Environmental Research and Public Health, 19(3).

Nota: A Neuroni desenvolveu uma solução de que possibilita apoiar prevenção e a gestão do burnout nas empresas. Se você é um gestor e gostaria de saber como podemos ajudar a sua empresa com este desafio, acesse o nosso portal ou envie um e-mail solicitando mais informações. 

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